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domingo, 6 de fevereiro de 2011

ALGUMAS PALAVRA SOBRE OS VALDENSES.

OS VALDENSES
Embora estreitamente aparentados com os albigenses, sua origem parece aludir a um período deveras remoto. Quanto a designação (“Valdenses”), por um lado deriva-se do personagem Pedro (de) Valdo ( 1217 / Lion , França), a quem coube atribuir ao movimento maior realce e expansão. Outros, porém, associam a nomenclatura ao francês “vallois” (habitantes dos vales) – aliás, mencionada em escritos anteriores a Pedro. A antigüidade do referido segmento é testemunhada por diversas fontes, tanto internas como externas ao movimento, e também, em face de algumas idiossincrasias comuns ao seu “ethos”. Rainero (O inquisidor),  falecido no ano de 1259, relata:
“Entre todas estas seitas… a dos “leonistas” (leia-se Valdenses).. é aquela que por mais tempo tem existido, pois alguns afirmam perdurar desde os idos de Silvestre ( O Papa / 314-335), outros, dos Dias Apostólicos”.
Marco Aurelio Rorenco, pároco de São Roque em Turin, em sua narrativa e história dos mesmos, declara que os adeptos Valdenses são tão remotos em sua origem que não se pode precisar a datação de seu surgimento. Outrossim, os próprios integrantes valdenses testificam de seus primórdios como contemporâneos a Estirpe Apostólica.

Pedro Valdo
Outra evidencia “em prol” de sua antigüidade é a sua relativa ausência de antagonismo para a cristandade convencional, diversamente de outras vertentes (incluindo-se os albigenses) que dela separaram-se em resistência aos seus desvarios. Os Valdenses, por seu turno, caracterizavam-se por um posicionamento sensivelmente mais tolerante, visto admitirem o fato de que muitos daqueles ainda subordinados ao sistema Clerical Apóstata, dispunham de notáveis princípios. Assim, futuramente, quando de suas negociações junto aos Reformadores, mostraram-se afeitos ao que nestes havia de originalmente cristão, a que os demais opuseram em totalidade. Guillermo Farell (reformador suíço) lamenta-se, por exemplo, acerca da serenidade valdense ante o catolicismo romano, não compreendendo, todavia, as causas de semelhante postura. Disto depreende-se, que a conduta Valdense frente os seus opositores consistia mais, em indiferença, que proprioamente  hostilidade
Em verdade, embora seja impossível precisar o seus primeiros passos, é provável que consistissem (em seu núcleo inicial) num remanescente daqueles, que havendo rejeitado o vínculo Igreja-Estado Romano, sob Constantino ( tais como os “novacianos“), tenham emigrado – dentre outras localidades – para os inóspitos e pouco acessíveis vales alpinos. Nestes, haveriam perpetuado sua prole e consequentemente o Patrimônio Doutrinário genuinamente Apostólico. Isto posto, enquanto a instituição eclesiástica estatal (bem como seus grupos dissidentes) digladiavam-se em meio a embates político-teológicos, a “fina flor” da Dispensação Neotestamentária permecia incólume sob os cuidados valdenses. A esse propósito, no ano de 1689 um erudito declara:

 “Os Valdenses são, de fato, os remanescentes daqueles que, deixaram a Itália após Paulo, o Apóstolo, entre eles semear as Novas. Abandonaram a seus pais e passaram a residir nas montanhas, onde, daquela época até os presentes dias, têm transmitido o Evangelho de pai para filho segundo o mesmo teor e simplicidade confiados por Paulo”.

Vales Alpinos

De fato, os numerosos cristãos perseguidos, conhecidos pelas diversas alcunhas que lhes atribuiam seus algozes, chegaram, em determinado período, a constituir um testemunho conciso e de vasto alcance (alheio à Cristandade institucionalizada), graças aos escritos pelos Valdenses preservados.De sorte que atualmente, temos ciência de que aqueles círculos de adeptos, congregados em estreitos laços de fraternidade, não comungavam dos conceitos comuns a gnósticos e maniqueus, tal qual propunham seus oponentes romanistas. Antes, primavam pela real ortodoxia apostólica e seu indelével legado.
                                       O “Relícário” Doutrinário Valdense
 A sìntese doutrinária-organizacional valdense pode ser apresenta da seguinte forma:

*Da Concepção Cosmogônica: Predestinacionista
 *Do modus vivendi” : Modéstia e despojamento, quer no âmbito secular ou intelectual. (”Conditio sine qua non”)
*Das Escrituras: ênfase as narrativas e parâmetros neotestamentários / exame frequênte, contudo, averso a Teologia Sistemática. 
 *Da Modalidade administrativa: Congregacional (ênfase ao núcleo local)
 *Do Governo e Organização: Dualista ( Anciãos e Servidores – “Diáconos”), além de seus “cooperadores” itinerantes.
 *Dos Honorários: Ausência de remuneração ou soldos pré-fixados para o exercício ministerial.
 *Da Liturgia: Breve e desprovida de maiores aparatos.
 *Dos “Sacramentos”: dois, a saber, Batismo e Refeição Memorial (Santa Ceia)
  - Da Ministração dos Sacramentos:
  BATISMO:  
 Crítério Básico: conversão (ausência de discipulado sistemático ou, catecumenato)
Faixa etária: Adultos
Ministrante: Ancião

REFEIÇÃO MEMORIAL (Santa Ceia)
 Critério para participação: Batismo
Ministrante: Ancião
Frequência de sua realização: Anual
Forma de distribuição: um só pão e um mesmo cálice.
Bem, com o advento da Reforma Protestante, o movimento Valdense (forçosamente) viu-se compelido a converter-se em “instituição” devidamente formalizada. A partir daí, permitiu-se o acréscimo de práticas e conceitos até então incomuns ao seu milenar conteúdo. Elevaram-se templos, sistematizou-se sua tradição predominantemente oral, atribuindo-lhe novas feições e traços, segundo as diretrizes e demais ditames norteadores da Teologia Aplicada. Atualmente, a chamada “Igreja Valdense”, encontra-se atrelada a Aliança Presbiteriana Mundial, e portanto, destituída de seus primitivos diferenciais.

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